16 maio 2023

CONSAGRAÇÃO DE UM EREMITA

No dia 12 de agosto (2016) sexta-feira, às 19h30, na Comunidade Santa Rosa de Lima, da Paróquia de São Sebastião, em Amparo, o bispo Dom Luiz Gonzaga Fechio acolheu, em uma missa festiva, os votos de vida eremítica de Vanderlei de Lima.







Concelebraram com Dom Luiz os padre Carlos Roberto Panassolo, pároco da Paróquia de São Sebastião, Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis e chanceler da Diocese, e Edimundo Dias Freitosa, da Diocese de Macapá, no Amapá, presente especialmente para os votos, na capela repleta de fiéis da própria comunidade e de amigos do neo consagrado vindos de outras comunidades e cidades.

Na homilia, Dom Luiz destacou a importância de se entregar a Deus nos diversos modos de doação na Igreja: sacerdócio ministerial, diaconato, vida leiga comum ou consagrada e a vida religiosa. Disse o bispo que em cada momento e lugar é preciso servir a Deus com amor aos irmãos e irmãs. Dom Luiz mencionou também os trabalhos que o agora Irmão Vanderlei de Lima desempenha e continuará a desempenhar, de modo recolhido, silencioso e atuante, para o bem do povo de Deus.
Terminada a Oração da Comunidade, teve início o Ato de Consagração com o chamado do candidato pelo bispo. Tendo respondido “Presente”, que significa o sim e a aceitação do apelo a seguir Jesus Cristo mais de perto, Vanderlei se ajoelhou e leu a fórmula de consagração apoiada no cânon 603 § 2 do Código de Direito Canônico. Por ela se comprometeu à vida de pobreza, castidade e obediência além da estabilidade na Diocese de Amparo, onde fez os votos, segundo antigo costume nesse modelo de vida.

Terminada a leitura, o bispo fez, de mãos estendidas sobre o neo consagrado, a longa oração apropriada para receber esses votos. Ela lembra que Deus distribui à Igreja os seus carismas para que cada fiel sirva a Ele nos vários modos de vida; pede que o Espírito Santo venha sobre o consagrado a fim de ter ele forças para demonstrar ao mundo a doutrina do Evangelho e se coloque a serviço dos irmãos e irmãs para receber já neste mundo o cêntuplo prometido e no céu a herança eterna.

Feita a oração, foi assinada sobre o altar a fórmula de profissão pelo Irmão Vanderlei e por Dom Luiz, depois pelo padre Carlos Panassolo e Ir. Irma Madalena Calgarôto, das Franciscanas do Coração de Maria, como testemunhas canônicas do ato. A seguir, o neo consagrado, ajudado pelo Pe. Bruno e pela Ir. Irma, se revestiu de seu hábito próprio: a veste talar branca, como uma túnica (estar revestido de Cristo), e sobre ela o escapulário (proteção da Virgem Maria e o serviço, já que, no século VI, por exemplo, ele servia de uma espécie de proteção para não sujar o hábito durante os trabalhos) com um longo capuz (recolhimento) além de um cinto preto de couro (estar sempre preparado ou cingido), enquanto se cantava o canto “Deixa tua terra”, apropriado para o momento.

Depois da missa, os presentes tiveram a oportunidade de cumprimentar o bispo e o neo consagrado, bem como participar de um momento de confraternização no salão da comunidade tomando sopa ou chá e conversando entre si.
Vida eremítica

O canonista Pe. Jesús Hortal, SJ, diz que “Eremita (do latim eremus = deserto) é aquele que se retirava ao deserto para uma vida de oração e penitência. Chama-se também anacoreta, palavra de origem grega que significa ‘sem coro’. A vida eremítica foi o primeiro tipo de vida consagrada masculina, muito florescente a partir do último terço do século III”, mesmo que pouco conhecida entre nós.

Há, ainda de acordo com o mesmo autor, dois tipos de eremitas: os que estão integrados em uma ordem religiosa (p. ex. carmelitas, camaldulenses etc.), e os que vivem isoladamente sem se ligarem a um Instituto religioso. São chamados de “eremitas diocesanos”, pois fazem sua profissão (portanto, um ato juridicamente público) nas mãos do bispo diocesano (cf. Código de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1983, comentário ao cânon 603).

A grande missão do eremita na Igreja é a Oração da Liturgia das Horas e o Trabalho manual, intelectual e pastoral dentro da caridade cristã para com todos, de um modo especial para com os mais necessitados de oração e apoio espiritual.

Charles de Foucauld

Charles de Foucauld (1858-1916) nasceu, no dia 15 de setembro, em Estrasburgo, na França, e decidiu-se ainda muito jovem pela carreira militar, talvez por influência de seu avô materno que o criou desde os 6 anos de idade, devido à morte prematura de seus pais. Foi para o Marrocos como militar, mas, depois de ter recebido, após diversas peripécias, baixa do Exército, tornou-se explorador geográfico daquela região, produzindo uma notável pesquisa para a época.

Nessas aventuras militares e também amorosas – teve vários namoros contrários à moral cristã –, confessou ter perdido a fé em Deus. Graças ao Pe. Huvelin, da igreja de Santo Agostinho, em Paris, retornou, em 1886, para a Igreja por meio de uma confissão sacramental bem feita. Orientado pelo mesmo padre Huvelin, então seu diretor espiritual, fez uma longa peregrinação à Terra Santa e ficou impressionado com o “espírito de Nazaré”, ou seja: a vida escondida de Cristo dos 12 aos 30 anos. Desejou também isso para ele.

Voltou para a França e, em 1890, tornou-se monge trapista – Ordem fundada no século XIX, na região da Trapa, na mesma França. Permaneceu nessa Ordem até 1897. Deixou-a por julgar que precisava ser ainda mais pobre que os monges franceses de então. A vida materialmente farta do mosteiro o desiludiu. Ele queria ser pobre como os pobres à moda de Jesus de Nazaré.

Por fim, depois de ser empregado das monjas Clarissas, em Nazaré, em uma vida eremítica, tornou-se sacerdote, em 1901, na França, mas voltou para Beni Abbes e depois Tamanrasset (Hoggar), na África, na condição de padre-eremita. Afastado, mas ao mesmo tempo integrado à vida daquele povo de maioria muçulmana era por eles tido como santo.

No dia 1º de dezembro de 1916, em meio a uma revolta popular, o eremitério, residência pobre do Irmão Charles, foi invadido e o eremita que fora militar, geógrafo, linguísta, antropólogo, teólogo e sacerdote, assassinado. O Papa Bento XVI o beatificou no dia 13 de novembro de 2005 e sua memória litúrgica é celebrada em 1º de dezembro.

A semente caída na terra gerou frutos. Hoje são mais de vinte as famílias leigas e religiosas que vivem seu modelo de seguir a Cristo. Dentre esses seguidores e seguidoras estão os (as) eremitas: homens e mulheres que optam pelo silêncio orante, mas não se esquecem da caridade para com o próximo nem se afastam da obediência à Igreja, por meio da aceitação do que lhes pede o bispo diocesano, dentro do carisma contemplativo vivido.

Pedidos de oração e contato com o Ir. Vanderlei de Lima são possíveis pelo e-mail: 

rezemos@zipmail.com.br

Informações: Ir. Vanderlei de Lima

Fotos: Remorini Fotografia

FacebookTwitterGoogle+Pinterest
Tirado do site Diocese de Amparo